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Mediação e Subjetividade no Processo de Ensino/Aprendizagem.

 

Por: Rogério Fernando Silva

 

   Campos (2010) enfatiza que educar é mais do que transmitir conhecimento, educar é humanizar, e um ser humano não se constitui plenamente de um momento para o outro. Essa afirmação nos leva a seguinte questão; seria o Professor capaz de desenvolver uma metodologia significativa para suas turmas sem a compreensão do sentido e significado subjetivo de cada membro e suas individualidades?

 

    “A subjetividade social é constitutiva das subjetividades individuais das pessoas que participam dos espaços sociais, ao mesmo tempo em que se constitui a partir dessas subjetividades individuais”. (Almeida e Martínez 2019, p. 92).

Somente através de uma relação dialógica e dialética seria possível o Professor compreender as individualidades dos alunos de sua turma, entendendo assim diante de uma boa comunicação suas limitações e seus potenciais.

“A atitude mais reportada como problema pelos alunos é a de despreocupação com eles, caracterizada por um desinteresse em saber se aprendem, se têm dúvidas, se prestam atenção, uma espécie de indiferença pelo outro”. (Mineiro e D’Ávila, 2020, p.163).

 

Outra coisa a ser ressaltada: o aluno adulto é muito mais sensível a uma aula sem planejamento, posto que a identifica de imediato, desmoronando sua confiança no processo, no educador, no entender do discente não preparar a aula é não se importar, é demonstrar explicitamente descompromisso com o aluno e com o trabalho docente (Mineiro e D’Ávila, 2020. p.164).

 

     “A mediação didática em perspectiva lúdico-sensível se assenta, em reiteradas vezes nas falas discentes, sob o interesse e a preocupação pelo outro, ou seja, segundo os alunos o sentimento de empatia é valor e eixo para o mediador didático lúdico”. (Mineiro e D’Ávila, 2020, p.166). 

 

Com efeito, estudos sobre a subjetividade e a aprendizagem tem evidenciado essa união entre o emocional e o simbólico em momentos de implicação emocional do aprendiz, demonstrando que processos emocionais que participam e se desenvolvem no decorrer do processo de aprender, podem contribuir tanto para favorecê-lo quanto para dificultá-lo. (Almeida, Martínez, 2019. p. 95).

 

         Almeida e Martínez (2019) tecem algumas considerações sobre a relação professor-aluno, em que podemos indicar como processos de mediação através de um olhar para a subjetividade do discente:

        

       Explorar tarefas ou temas nos quais o foco seja o interesse e o envolvimento emocional do aluno, não como estratégia utilitarista para a aprendizagem, mas como momento de produção subjetiva que possa favorecer processos de construção-interpretativa do professor sobre a constituição subjetiva do aluno;

     

      Explorar situações comunicativas onde o aluno é convidado a se expressar livremente, de forma a familiarizar-se com a própria capacidade de expressão, não apenas sobre conteúdos curriculares, mas sobre temas gerais, atualidades, etc.

 

      Fomentar sempre o diálogo e a participação do aluno, evitando o uso excessivo de estratégias expositivas, atentando para formas de correção de falas dos alunos;

 

     Destinar tempo da aula para que alunos se expressem sobre seus próprios processos de aprender; de leitura e compreensão de textos; de síntese e argumentação crítica, de associação e construção de ideias; (p.109).

 

   Portanto criar oportunidades para que os alunos explicitem suas subjetividades através de metodologias que objetivem demonstrar qual o sentido e o significado de estarem no processo de ensino/aprendizagem, pode dar ao professor a dimensão da criatividade subjetiva de cada um. “A criatividade sempre representa uma possibilidade de produção de sentidos subjetivos diferentes que permitem ao sujeito desenvolver o sistema complexo da ação criativa”. (REY , 2007, p. 135).

 

Referências:

 

Almeida, P.; Martínez, A. M; A Configuração Subjetiva da Ação do Aprender: um estudo de caso sobre o aluno em seu momento de ingresso no ensino superior. Obutchénie: R. de Didat. e Psic. Pedag.|Uberlândia, MG|v.3|n.1|p.88-113|jan./abr. 2019. ISSN: 2526-7647 versão online. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/Obutchenie/article/view/50592/26902. Acesso em 02 de Setembro de 2021.

 

Campos, C. M.; Apresentação. In: Gestão Escolar e Docência. São Paulo: Paulinas; 2010,  p. 09-12.

 

Campos, C. M.; A Gestão Escolar e a Crítica da Educação. In: Gestão Escolar e Docência. São Paulo: Paulinas; 2010, p. 15-31.

 

Campos, C. M.; Por uma Escola de Excelente Qualidade. In: Gestão Escolar e Docência. São Paulo: Paulinas; 2010, p. 49-57.

 

Campos, C. M.; A Distância Entre o Presente e o Futuro na Educação. In: Gestão Escolar e Docência. São Paulo: Paulinas; 2010, p. 83-102.

 

D’Ávila, C.; Mineiro, M.; Construindo Pontes: A Mediação Didática Lúdica no Ensino Superior;  Revista Práxis Educacional, Vitória da Conquista, Bahia, Brasil, v. 16, n. 37, p. 146-172, Edição Especial, 2020. e-ISSN: 2178-2679 versão online. Disponível em: https://periodicos2.uesb.br/index.php/praxis/article/view/6026. Acesso em 01 de Setembro de 2021. 

 

Rey, F.G; Sentido subjetivo, sujeito e subjetividade: as bases para o desenvolvimento da psicoterapia a partir de uma perspectiva histórico cultural. In:  O enfoque histórico-cultural seu impacto na psicoterapia. In: Psicoterapia e Subjetividade e Pós-Modernidade: uma aproximação histórico Cultural/ Fernando Gonzalez Rey; trad: Guilhermo Matias Gumucio. – São Paulo: Ed. Cengage Learning, 2007.  

 

Autor: Rogério Fernando Silva, Psicólogo Especialista em Neuropsicologia; graduado em 2013 pela Universidade Nove de Julho; Pós graduado em Neuropsicologia clínica em 2017, pelo IPAF- Lev Vygotsky  – Instituto de Psicologia e Formação Aplicada; pós graduado em Docência para o ensino superior, em 2021, pela Faculdade Futura e Pós graduando em Neuropsicologia e Dificuldades de Aprendizagem, pela Faculdade FAVENI.